2 de julho de 2010

APOSENTANDO O IMPREVISTO

Já parou para pensar que muito em breve o imprevisto vai deixar de existir?

Eu fico pensando... como cargas d´água existia vida sem internet e telefone celular? E olha que eu ainda vivi isso, hein?

Quando tinha a idade da minha filha, ouvia rádio e aguardava a tão esperada música tocar e ai pronto, começava a gravar e a rezar para que o locutor não estragasse a música, com a sua vinhetinha no final.




Hoje, tudo é diferente. Furou o pneu? Liga para o borracheiro, liga para o escritório, liga pra filha... pronto. Todo mundo já está ciente do problema. Em tempo real.

Acho que isso afetou a noção de compromisso das pessoas. Antes você marcava um horário e tinha de cumprir. Não tinha essa comodidade de avisar: "Tô no trânsito, tá o maior engarrafamento". Antes, filho, era tal hora e pronto. E nem adiantava descer do carro e ligar do orelhão (que já existia). A pessoa que estava te esperando também não tinha celular. Era bacana, de certa forma. O pessoal, de uns tempos pra cá, criou a mania de se escorar no tal do "chego já". "10 minutos", "5", "2". E, no fim, acaba atrasando meia-hora. Uma hora.


E depois reclamam que eu sou antiquada.

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Minhas Vogais e Consoantes são Altamente Inflamáveis e Ardidas