24 de novembro de 2010

IMITAÇÃO DA VIDA


[Ao som dos lendários integrantes do R.EM


Adultos imitam outros para aprender a viver e se comportar como for conveniente; e as crianças gostam de trocar papéis: a criança preta quer ser branca e tem vergonha da mãe que é preta, enquanto a criança branca adora brincar a ser preta para se agarrar às saias da sua ama africana. A criança africana diz ser filha da patroa branca, essa que imita atrizes para conseguir um papel no teatro.

E a imitação começa.

A vida é aprendida de observar os comportamentos adequados, como escrevi um dia num texto meu que a Edna corrigiu, com amizade e fraternidade. Mais uma imitação à vida: as suas correções fizeram-me criar uma outra categoria: a conduta conveniente. A conduta adequada é pública : saber falar, dizer as palavras atraentes, usar os vocábulos aceites em sociedade, cumprimentar de mão estendida, tirar o chapéu (fui longe agora, rs), e outras. A conduta adequada é a que corresponde ao grupo de pares com os que partilhamos a vida. Falei bonito agora.

A criança distingue muito bem entre os dois tipos de comportamentos: se está com adultos, pede licença para sair da mesa antes dos adultos (nem sempre); se está com os seus pares, quem acabar primeiro é quem corre ao televisor para continuar a ver o filme que tinha começado antes do almoço. Com cortesia, solicitam se podem: bem sabe a criança que os adultos não vão dizer não, pois a seguir seria uma birra de todo tamanho que não deixava comer calmos os adultos e estaria irrequieta porque os seus nunca mais acabavam a conversa, a calma de uma comida, as histórias que a mesa eram contadas e que aos mais novos nada interessava, não entendiam e o filme era mais interessante que as histórias antigas. Exceto, é evidente, se estiverem a falar dos pequenos, deles próprios: eles mandavam calar os "grandes" e completavam o conto à sua maneira. Os adultos calavam e permitiam, em silêncio, ouvir os cumprimentos que os pequenos ofereciam a si próprios? fosse verdade ou mentira. Na boca de uma criança, aliás, quase não há mentiras, é a sua forma de ver os fatos e a sua interpretação dos mesmos; interpretação que o adulto deve entender e não acrescentar e não interpretar a realidade exposta pelos mais novos. Seria uma grave interpretação do que é educar e dar carinho.

O adulto imita a vida enquanto é pai? mãe, aceita o ideário dos pequenos e nunca diz que não é verdade o que eles contam, e vai mudando com o tempo das crianças a crescerem. A doçura dos pais é mais uma aceitação das crianças e uma prova de amor e de estima, de emotividade e de orientar a sua vida pelas carícias das palavras e da segurança a dar, confiança em si próprios, sem jamais puni-los. Se houver uma birra, faz-se ao mais novo um olhar para outro lado, ou com uma carícia, ou a ignorar a birra até esta passar. A criança imita a vida que os seus adultos ensinam com o seu próprio comportamento. Como esse dia do vôo de volta ao seu país de origem, imensas horas retidos no aeroporto ao mudar de avião e ter perdido a combinação. Os adultos, impacientes, debatiam um com o outro, perdido o imaginário de brincar aos aviões, de cantar aos bonecos, de se contarem histórias e de lembrar a praia, sumidos nas preocupações de horário e outros assuntos.

Camilly me disse uma vez que: as pessoas não se zangam, dão a mão e passeiam, mãe, você que me ensinou. E  me acalmei, como bom ser humano que sou... E sem perceber, ela me imitava.
A vida é uma imitação. A criança aprende a ser feliz ao ser tratada com amor e nunca criticada pelas "macaquices" do seu comportamento. Imitação à vida é a reprodução do amor que os adultos têm entre eles e, por extensão, aos mais novos. Como acontece comigo, com minha filha, minhas sobrinhas...

5 de novembro de 2010

GOSTO MAIS QUE BALA


Amo este diálogo do filme o Fabuloso destino de Amelie Poulain, aff...




"São tempos difíceis para os sonhadores"


- Ela parece distante... talvez seja porque está pensando em alguém.
- Em alguém do quadro?
- Não, um garoto com quem cruzou em algum lugar, e sentiu que eram parecidos.
- Em outros termos, prefere imaginar uma relação com alguém ausente que criar laços com os que estão presentes.
- Ao contrário, talvez tente arrumar a bagunça da vida dos outros.
- E ela?
E a bagunça na vida dela?
Quem vai pôr ordem? '


O PROFESSOR ESTA SEMPRE ERRADO



Seria engraçado, se não "foçe" trágico!




O material escolar mais barato que existe na praça é o professor!
É jovem, não tem experiência.
É velho, está superado.
Não tem automóvel, é um pobre coitado.
Tem automóvel, chora de "barriga cheia'.
Fala em voz alta, vive gritando.
Fala em tom normal, ninguém escuta.
Não falta ao colégio, é um 'caxias'.
Precisa faltar, é um 'turista'.
Conversa com os outros professores, está 'malhando' os alunos.
Não conversa, é um desligado.
Dá muita matéria, não tem dó do aluno.
Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Não brinca com a turma, é um chato.
Chama a atenção, é um grosso.
Não chama a atenção, não sabe se impor.
A prova é longa, não dá tempo.
A prova é curta, tira as chances do aluno.
Escreve muito, não explica.
Explica muito, o caderno não tem nada.
Fala corretamente, ninguém entende.
Fala a 'língua' do aluno, não tem vocabulário.
Exige, é rude.
Elogia, é debochado.
O aluno é reprovado, é perseguição.
O aluno é aprovado, deu 'mole'.


É, o professor está sempre errado, mas, se conseguiu ler até aqui, agradeça a ele!


Jô Soares

EU, POR CAIO F ABREU


"Ela é intensa e tem mania de sentir por completo, de amar por completo e de ser por completo.  Dentro dela tem um coração bobo, que é sempre capaz de amar e de acreditar outra vez. Ela tem aquele gosto doce de menina romântica e aquele gosto ácido de mulher moderna.”

2 de novembro de 2010

VAMOS COMEÇAR...


COLOCANDO UM PONTO FINAL.



[Ao som de Tudo Novo de Novo, ofereço á todos
e á todas que insitem em começar quantas vezes
forem necessárias]



Quero tudo novo de novo. Quero não sentir medo. Quero me entregar mais, me jogar mais, amar mais. Viajar até cansar. Quero sair pelo mundo. Quero fins de semana de praia. Aproveitar os amigos e abraçá-los mais. Quero ver mais filmes e comer mais pipoca, ler mais. Sair mais. Quero um trabalho novo. Quero não me atrasar tanto, nem me preocupar tanto. Quero morar sozinha, quero ter momentos de paz. Quero dançar mais. Comer mais brigadeiro de panela, acordar mais cedo e economizar mais. Sorrir mais, chorar menos e ajudar mais. Pensar mais e pensar menos. Andar mais de bicicleta. Ir mais vezes ao parque. Quero ser feliz, quero sossego, quero outra tatuagem. Quero me olhar mais. Cortar mais os cabelos. Tomar mais sol e mais banho de chuva. Preciso me concentrar mais, delirar mais.

Não quero esperar mais, quero fazer mais, suar mais, cantar mais e mais. Quero conhecer mais pessoas. Quero olhar para frente e só o necessário para trás. Quero olhar nos olhos do que fez sofrer e sorrir e abraçar, sem mágoa. Quero pedir menos desculpas, sentir menos culpa. Quero mais chão, pouco vão e mais bolinhas de sabão. Quero aceitar menos, indagar mais, ousar mais. Experimentar mais. Quero menos “mas”. Quero não sentir tanta saudade. Quero mais e tudo o mais.

“E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha".
      (Fernando Pessoa)

COMO É DIFÍCIL ESVAZIAR A MENTE


[Para ouvir ao som de Samba da Benção
 trilha sonora de comer rezar amar]




Assisti ao filme ontem, digo hoje, saimos tão tarde do cinema... Enfim, muitas coisas gostei, outras nem tanto.


Como para variar estou notívaga, direi apenas coisas que me tiraram do eixo, como por exemplo:

 - Sinto saudades...
 - Sinta.
 - Mas acho que o amo.
 - Então ame...
 - Toda vez que se lembrar dele, libere amor, paz, e ESQUEÇA!

 - Se você esvaziasse sua mente, ela se abriria...
E sabe o que Deus faria?
                  ELE a preencheria...



Senhor, preencha! Não quero mais... e já faz um tempo.






De todas as maneiras
Que há de amar
Nós já nos amamos
Com todas as palavras feitas pra sangrar
Já nos cortamos
Agora já passa da hora
Tá lindo lá fora
Larga a minha mão
Solta as unhas do meu coração
Que ele está apressado
E desanda a bater desvairado
Quando entra o verão!                        (Chico Buarque)



Por quê é tão difícil esvaziar a mente?!

Minhas Vogais e Consoantes são Altamente Inflamáveis e Ardidas