25 de setembro de 2010

ME BEIJARAM A BOCA E ME TORNEI POETA


"Mas tão habituada com o adverso
Eu temo se um dia me machuca o verso
E o meu medo maior é o espelho se quebrar..."

Quase não tenho medos, estranho confessar isso. Não moro com meus pais, tenho alguém que infinitamente depende de mim. E mesmo assim, não temo. Fiquei indagando horas e horas, olhando dentro dos meus olhos e percebi o por quê dele não me atingir.

Eureka!

Meu pai, com sua aparente calma apressada, dono do sorriso mais largo, sincero e bonito. Todo intelectual e calculista, mas com um coração quente e imenso. É todo elegante e cheiroso, tem senso de humor sarcástico e jocoso.

Minha mãe, é linda, inteligente, educada, uma leoa. Estudiosa, delicada, mais extremamente forte. Quando ela anda, parece desfilar, tem gestos precisos e leves. Sabe sorrir com os olhos e tira qualquer dor com um abraço.

...


Sou a mistura dos dois da forma mais intensa e precisa. Sou um tango rasgado, a fraude mais perfeita!


 

E então  ele veio sorrateiro... Caminhando devagar e falando bem baixinho, GRITANDO, o ouvia tão alto e nítido, temi. O pavor invadiu os pensamentos, temo viver sem a constante presença dos meus anjos.


O medo dominou me com um abraço sufocante, chorei feito criança ao imaginar a ausência dos meus pais.



Na verdade este medo sei de côr, quando criança, tinha pesadelos com meus pais, acordava assustava, chorando, parecia tão real, então,  sem demora, ia ter com eles, ficava entre os dois e cobria a cabeça, o sono vinha manso, daí sonhava diferente, por que estava protegida.

Meus pais me salvam de mim o tempo todo.



"Desde que descobrira – mas descobrira realmente com um tom espantado – que ia morrer um dia, então não teve mais medo da vida, e, por causa da morte, tinha direitos: arriscava tudo."







O tempo todo estou sendo salva.

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Minhas Vogais e Consoantes são Altamente Inflamáveis e Ardidas