Sei la, não gosto desta palavra. Ela é tão suja. Me fez lembrar de quando postei ali o meu asco por esta palavra carregada de nada.
Mas tudo passa... TUDO PASSARA -, como dizia o poeta. Palavra suja, tem mesmo é que ser lavada. Então lavei.
Mas tudo passa... TUDO PASSARA -, como dizia o poeta. Palavra suja, tem mesmo é que ser lavada. Então lavei.
MAS ---, esta peça de Woody Allen, diz que ele já cometeu adultério ao menos uma vez na vida e a história é das
mais conhecidas. Em 1992, Mia Farrow, então a mulher do cineasta, descobriu
fotos que ele havia tirado da filha adotiva dela, Soon-Yi, nua. O escândalo foi
enorme e a opinião pública ficou do lado de Mia Farrow. Pior para a carreira de
Allen, que perdeu bilheteria nos EUA e só agora, depois de Meia-Noite em
Paris (2011) --e de 15 anos de casamento com Soon-Yi--, parece voltar às
boas com os americanos.
Mas bem antes de tudo isso, a traição entre cônjuges já era tema recorrente
nos filmes de Allen. Neles quase sempre há um personagem que pula a cerca, e
tanto os adúlteros quanto os amantes parecem exercer grande fascínio sobre o
diretor.
O cineasta já abordou a infidelidade de diferentes formas entre o cômico e o
dramático. Mostrado com leveza em Alice (1990), o adultério é um mal
que vem para o bem à dona-de-casa endinheirada e entediada vivida por Mia
Farrow: será um caso extraconjugal (e infeliz) com Joe Mantegna que levará a
protagonista a mudar radicalmente de vida e enfim achar seu lugar no mundo.
O mesmo tema pode levar a reflexões mais profundas, como em Crimes e
Pecados (1989), em que Martin Landau resolve dar um fim na amante, Anjelica
Huston. Há ainda Manhattan (1979), Hannah e Suas Irmãs (1986),
Maridos e Esposas (1992), Poderosa Afrodite (1995), Match
Point (2005)... Todos esses filmes têm em comum um personagem infiel.
Na mistura de drama e comédia que é Adultérios, a montagem
brasileira de Central Park West, de Woody Allen, o adúltero é Jim, um
escritor que acabou de ter um roteiro transformado em filme em Hollywood. Numa
noite em que aguarda a amante para o encontro que deve pôr um ponto final na
relação, ele conhece Fred, um sem-teto louco e inteligente que o acusa de ter
roubado suas ideias para o roteiro do filme.
A relação entre os dois começa pouco amistosa, mas conversa vai, conversa
vem, aparece enfim a amante (Carol Mariottini), nada dócil, e que acaba dando
espaço para que surja um elo entre os dois homens. No ano passado, Fábio
Assunção e Norival Rizzo chegaram a se revezar nos papéis de mendigo e escritor
entre uma sessão e outra do espetáculo, sugerindo que os dois personagens são
basicamente a mesma pessoa --aliás, o final da peça também é por aí (mas calma,
isso não chega a ser um spoiler).
Norival Rizzo interpretava o escritor Jim, e Fábio Assunção dava vida ao
sem-teto Fred. Embora as duas atuações fossem caprichadas, claro que não é pelo
sujeito pacato e certinho, e sim pelo mendigo psicopata e divertido, que a
plateia se derrete. Com mania de grandeza e de perseguição, mas sendo o
personagem mais honesto da peça, é o homeless quem cativa o público. E Fábio
Assunção mandava muito bem nas entonações e gestos de Fred --que diz receber
sinais elétricos e instruções vindas do topo do Empire State.
Adultérios tem como cenário apenas dois banquinhos e estruturas de madeira que representam algum lugar nas margens do rio Hudson, em Nova York --"provavelmente entre as ruas 70 e 80 Oeste", diz o texto de Allen. Embora a história se passe nos EUA e traga algumas referências e nomes que não dizem nada para quem não é de lá, o espectador brasileiro não sai perdendo, já que o que importa mesmo é o que os personagens têm de mais universal, em especial suas fraquezas. E a peça só melhora ao longo dos 60 minutos de duração, com boas piadas e muito da classe que sempre há no trabalho de Allen.
Sinopse extraída do R7.
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