29 de maio de 2012

VIVER SEM TEMPOS MORTOS

Quando ouvi aquela frase da peça, ouvi também um estalo tão alto, que meu pensamento foi até o meu último ano de filosofia, onde meu mestre Mário entregou uma apostila para meu grupo e disse (re)flitam, não compreendi. Hoje, passados cinco anos ENTENDI - Estou vivendo sem TEMPOS MORTOS - amém.

Assistindo a peça, que foi inspirada em cartas e em apontamentos autobiográficos da filósofa Simone Beauvoir, e em cena o único elemento cenográfico é uma cadeira preta, aonde Simone (Fernada Montenegro) senta-se e em primeira pessoa passa a contar seus importantes momentos de sua tragetória em Viver sem Tempos Mortos.





Passava um pouco das 21 horas quando, naquela segunda-feira do dia 28 do mês de maio, Fernanda Montenegro disse as últimas frases do monólogo Viver sem Tempos Mortos. Emocionada, apaixonada, enternecida e agradecida... Aplaudi de pé.


Ela parece contar, enquanto incorpora a filósofa e escritora parisiense, ícone do feminismo e parceira de outro célebre filósofo, o existencialista Jean-Paul Sartre. Na mais despojada produção que estrelou em seis décadas de carreira, Fernanda vira Simone sem lançar mão de elementos que remetam fisicamente à personagem. Não há sotaque, não há trejeitos característicos, não há nem mesmo um figurino afrancesado. Com uma camisa social branca e uma calça preta, a atriz senta-se numa cadeira igualmente preta, único objeto em cena, e permanece lá durante toda a montagem, sob um persistente foco de luz. Narra, então, os principais momentos da intensa trajetória de Simone. Fala sempre na primeira pessoa, usando depoimentos da própria romancista, extraídos de livros e cartas.

Ao terminar a peça, uma pessoa grita: Obrigada, Fernanada! 

Esta pessoa era eu. Esta pessoa éramos TODOS nós.

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Minhas Vogais e Consoantes são Altamente Inflamáveis e Ardidas