5 de março de 2009

NA HORA



Sempre soube. Mesmo sem nunca ter visto ou tocado. Sabia que estava lá. Segredo de um relógio.

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Vai.

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Não volta.

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Nem fica.


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Escorre entre os dedos. Minha pele às vezes é macia. E ele flui mais fácil nesse tempo de suavidade. Um dia, por um segundo perdido, nossos olhos se toparam. Efêmero e improvável. Mesmo assim, perdi a hora. Não ouvi o tilintar. Esqueço. No abre-fecha, desencontros.
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No fecha-abre, possibilidades. Sinto como um bem-querer. Fecho os olhos para ver melhor. As mãos se abraçam, perpetuadas. Quero cessar. Impossível. Seguro o ponteiro. Tão forte que sangram os dedos. Parou. O silêncio interrompido. E nada, meu Deus, não há nada. Um branco dissolvido. Sem começo, meio ou fim. NADA. Sobressalto e boca seca. Falta-me ar. Não adianta, menina tola, não adianta. Travo os dentes. Solto a alavanca. Os braços doem e ele segue, enfim. Agora o ar está de volta. A pele, ressequida.
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Minhas Vogais e Consoantes são Altamente Inflamáveis e Ardidas