Dá até medo de escrever essa palavra.
Vai que ela resolva grudar em mim, né?
Hoje eu vi uns caras consertando alguma coisa em cima de um poste e lá estavam eles, pendurados naquele instrumento comprido e duvidoso chamado escada - bem ao lado do meu carro, de forma que eu teria a opção de passar por baixo dela ou dar a volta ao seu redor.
Bateu então a dúvida e uma fração de minha personalidade foi repensada: afinal, eu não sou mesmo supersticiosa? Será que nem um pouquinho?!
E só reforcei o que já sabia: "Não, nem um pouquinho, com toda certeza." Fui logo fazendo o percurso mais rápido por debaixo daquele aglomerado de pauzinhos (bem firmes, espero).
Não consigo ver numa escada indefesa, e até bastante funcional, sua capacidade de formular situações para que algo tão subjetivo como o azar entre em ação.
Na verdade, me perdoem, não fiz uma pesquisa sobre a superstição e sua origem, mas leigamente falando, digo que para mim, azar se atrai passando por baixo de outras coisas e vivendo próximo a situações mais negras que os gatos mais negros do mundo juntos.
Para pegar um atalho rumo ao azar, se esquive das responsabilidades, desvie de verdades dolorosas e fuja de si o tempo todo - não tem erro, praticamente uma receita de bolo!
É esnobando problemas que se mergulha completamente neles; é evitando a vida que se vive o mais doloroso dela.
Estamos imersos num misto de azar e sorte.
Ora feliz, posso dizer que sou sortuda, a maior do mundo.
Ora nefasta, me rendo ao azar e vivo tormentos.
A vida é uma cadeira de plástico curvilínea e escorregadia que nos obriga a vigiar nossas próprias posturas o tempo todo - que é pra não deslizar, pra não cair. E ninguém pode manter a postura ereta por mim. É sempre um jogo do eu sozinho. Sou sempre eu com as minhas costelas.
Podemos lamentar e rir juntos (o que é ótimo e vive de bem com a sorte), mas sempre serei responsável pela minha cadeira. E você pela sua.
O pobre do gato preto não tem nada a ver com nossas escolhas.
Aliás, ele é lindo, exótico, arisco. Um belo animal. (Tudo bem você deve estar estranhando, afinal, odeio gatos! Mas o fato é que são belos, lindos mesmo, oras bolas, eu o odeio - mais eles são uns gatooos)
Portanto, tome tento à sua cadeira, por favor!
Escrito numa terça feira treze, á ultima do ano de doismilenove.
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