5 de fevereiro de 2010

AZAR?


Dá até medo de escrever essa palavra.
Vai que ela resolva grudar em mim, né?

Hoje eu vi uns caras consertando alguma coisa em cima de um poste e lá estavam eles, pendurados naquele instrumento comprido e duvidoso chamado escada - bem ao lado do meu carro, de forma que eu teria a opção de passar por baixo dela ou dar a volta ao seu redor.

Bateu então a dúvida e uma fração de minha personalidade foi repensada: afinal, eu não sou mesmo supersticiosa? Será que nem um pouquinho?!

E só reforcei o que já sabia: "Não, nem um pouquinho, com toda certeza." Fui logo fazendo o percurso mais rápido por debaixo daquele aglomerado de pauzinhos (bem firmes, espero).

Não consigo ver numa escada indefesa, e até bastante funcional, sua capacidade de formular situações para que algo tão subjetivo como o azar entre em ação.

Na verdade, me perdoem, não fiz uma pesquisa sobre a superstição e sua origem, mas leigamente falando, digo que para mim, azar se atrai passando por baixo de outras coisas e vivendo próximo a situações mais negras que os gatos mais negros do mundo juntos.

Para pegar um atalho rumo ao azar, se esquive das responsabilidades, desvie de verdades dolorosas e fuja de si o tempo todo - não tem erro, praticamente uma receita de bolo!

É esnobando problemas que se mergulha completamente neles; é evitando a vida que se vive o mais doloroso dela.

Estamos imersos num misto de azar e sorte.

Ora feliz, posso dizer que sou sortuda, a maior do mundo.
Ora nefasta, me rendo ao azar e vivo tormentos.

A vida é uma cadeira de plástico curvilínea e escorregadia que nos obriga a vigiar nossas próprias posturas o tempo todo - que é pra não deslizar, pra não cair. E ninguém pode manter a postura ereta por mim. É sempre um jogo do eu sozinho. Sou sempre eu com as minhas costelas.

Podemos lamentar e rir juntos (o que é ótimo e vive de bem com a sorte), mas sempre serei responsável pela minha cadeira. E você pela sua.

O pobre do gato preto não tem nada a ver com nossas escolhas.

Aliás, ele é lindo, exótico, arisco. Um belo animal. (Tudo bem você deve estar estranhando, afinal, odeio gatos! Mas o fato é que são belos, lindos mesmo, oras bolas, eu o odeio - mais eles são uns gatooos)

Portanto, tome tento à sua cadeira, por favor!


Escrito numa terça feira treze, á ultima do ano de doismilenove.



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Minhas Vogais e Consoantes são Altamente Inflamáveis e Ardidas