(Foto: J.P Marins)
"Quem vem contar-me uma história
Dos meus tempos de menina?Quando eu era pequenina,
A minha ama contava
Aquela história em que entrava
Uma menina e um papão.
Eu, ao ouvi-la, chorava.
A fábula é outra agora:
A menina já não chora
NO MEIO DA ESCURIDÃO.
QUEM TEM MEDO É O PAPÃO."
in, Rio de Nuvens (Natália Correia)
Quando li este poeminha, me deu uma vontade de escrever, quis falar também do bicho papão...
(Foto: Luis Pais)
O bicho.
O amor perde-se em palavras. Por isso prefiro o silêncio. O amor se destrói com o descaso. Por isso, mergulho de cabeça. O amor transmuta-se sem o apelo do desejo. Por isso busco por prazer. O amor cansa quando vivemos só o outro. Por isso nunca deixo meus amigos.
Nunca gostei de regras. Mas, sem querer, me vejo com elas, minhas mesmo, guiando sorrateiramente meus passos. Então, me dando conta, dispenso todas elas; variavelmente, alternando, brincando, arriscando minha face. Nada disso me determina de maneira linear, fixa. Nem minha idade, sexo, nacionalidade, grupo social. Quem determina é ele. O amor.
Mas se é verdade que lhe dou tanta bola, também posso dizer que, morto, já não me serve no corpo, no peito, como se fosse feito sob medida como antes, bem antes, deixando-me leve, radiante. Ao contrário, me constrange, me inibe. Entristece-me, até, por suas mutações dentro de mim. O amor morto transforma-se em um alienígena, um estranho, algo fora do lugar. O amor é bicho papão!
O amor assusta. Até quando não existe mais...
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